Saturday, November 27, 2004
Meu conto Helter Skelter, da série Beatles & FC que está sendo publicado no site da Intempol, já pode ser lido clicando aqui.
Uivos à Lua Cheia:
Thursday, November 04, 2004
Realmente, tá difícil acreditar que Bush ganhou... Sem roubar dessa vez, ganhou inclusive nos votos individuais...
É uma pena, mas ele mentiu, levou o país a 2 guerras sem necessidades, quer mudar a constituição para limitar direitos, enfim, o americano médio engoliu isso tudo. O Bush ganhou pelos valores morais que defende, não se enganem...
Opior é que agora ele vai se achar legitimado a cometar todas as suas barbaridades, pq ganhou pra valer dessa vez...
Quando eu digo que nossa democracia não funciona, que temos que repensá-la seriamente, não é a toa...
A culpa também é dos demoratas, foram bundões demais durate todo o mandato do Bush, não seria em 3 meses que conseguiriam mudar isso.
Enfim, teremos mais 4 anos de estupidez, fanatismo e preconceito governando o mundo. Cabe a nós não desistirmos, e continuarmos nossa luta não para mudar o mundo, mas para não nos deixarmos envolver pela podridão que nos rodeia.
Uivos à Lua Cheia:
É uma pena, mas ele mentiu, levou o país a 2 guerras sem necessidades, quer mudar a constituição para limitar direitos, enfim, o americano médio engoliu isso tudo. O Bush ganhou pelos valores morais que defende, não se enganem...
Opior é que agora ele vai se achar legitimado a cometar todas as suas barbaridades, pq ganhou pra valer dessa vez...
Quando eu digo que nossa democracia não funciona, que temos que repensá-la seriamente, não é a toa...
A culpa também é dos demoratas, foram bundões demais durate todo o mandato do Bush, não seria em 3 meses que conseguiriam mudar isso.
Enfim, teremos mais 4 anos de estupidez, fanatismo e preconceito governando o mundo. Cabe a nós não desistirmos, e continuarmos nossa luta não para mudar o mundo, mas para não nos deixarmos envolver pela podridão que nos rodeia.
Saturday, October 09, 2004
Leitura da semana: "Al-Qaeda e o que Significa Ser Moderno ", de John Gray.
O livro é interessante pela abordagem de que a Al-Qaeda não tem nada de medieval, pelo contrário, é fruto da globalização, e o que mais se aproximaria dela historicamente na verdade seriam as organizações terroristas de cunho anarquista do século XIX. Inclusive o autor afirma que ela é fruto principalmente de bolsões anárquicos, que existem em locais onde houve a falência do Estado, isso em virtude de uma ideologia neoliberal que prega o Estado mínimo que parece não ter dado certo.
O autor é defensor de um Estado presente, atuante, e isso ele deixa claro o tempo todo (em certa passagem ele diz que a anarquia não é desejável). A impressão que passa é que ele pretende defender um Estado nos moldes do antigo Welfare State da Europa do pós-guerras.
A grande sacada do livro, a meu ver, é ligar a escola do Positivismo à ideologia quase religiosa do neoliberalismo atual. E colocar a Al-Qaeda dentro desse contexto é muito mais sensato do que classificá-la como medieval, como um "confronto de civilizações" (e os argumentos dele sobre essa questão me convenceram disso, apesar de que achar ainda duvidoso classificar a Al-Qaeda como uma organização "ocidental").
Outra questão importante é a abordagem sobre a ''nova'' guerra, que transcende o conceito de nação. Nesse sentido, o ataque às Torres Gêmeas teriam sido sim um ato de guerra. Mas não estou certo disso, afinal a resposta americana foi atacar uma nação, o Afeganistão, e depois se aproveitou da situação pra atacar outra nação, o Iraque. Essa é uma questão que acho que ainda temos que esperar pra avaliar.
Uivos à Lua Cheia:
O livro é interessante pela abordagem de que a Al-Qaeda não tem nada de medieval, pelo contrário, é fruto da globalização, e o que mais se aproximaria dela historicamente na verdade seriam as organizações terroristas de cunho anarquista do século XIX. Inclusive o autor afirma que ela é fruto principalmente de bolsões anárquicos, que existem em locais onde houve a falência do Estado, isso em virtude de uma ideologia neoliberal que prega o Estado mínimo que parece não ter dado certo.
O autor é defensor de um Estado presente, atuante, e isso ele deixa claro o tempo todo (em certa passagem ele diz que a anarquia não é desejável). A impressão que passa é que ele pretende defender um Estado nos moldes do antigo Welfare State da Europa do pós-guerras.
A grande sacada do livro, a meu ver, é ligar a escola do Positivismo à ideologia quase religiosa do neoliberalismo atual. E colocar a Al-Qaeda dentro desse contexto é muito mais sensato do que classificá-la como medieval, como um "confronto de civilizações" (e os argumentos dele sobre essa questão me convenceram disso, apesar de que achar ainda duvidoso classificar a Al-Qaeda como uma organização "ocidental").
Outra questão importante é a abordagem sobre a ''nova'' guerra, que transcende o conceito de nação. Nesse sentido, o ataque às Torres Gêmeas teriam sido sim um ato de guerra. Mas não estou certo disso, afinal a resposta americana foi atacar uma nação, o Afeganistão, e depois se aproveitou da situação pra atacar outra nação, o Iraque. Essa é uma questão que acho que ainda temos que esperar pra avaliar.
Tuesday, October 05, 2004
Anulei meu voto nestas últimas eleições. Não achei nenhum candidato merecedor dele - todos usam as mesmas artimanhas pra conseguir votos, alianças, estranhas, brigas, baixarias... Na cidade do Rio de Janeiro, tinha gente que ia votar no César Maia só pra ter feriado no dia do segundo turno...
A verdade é que a democracia na prática não está funcionando, nem aqui, nem lá fora. Porque a democracia é mais do que contar quem tem mais votos, é o respeito aos seus cidadãos, aos direitos fundamentais, e o que vemos são os candidatos gastando milhõs em marketing como se fossem um produto qualquer, campanhas sem conteúdo visando apenas conquistar o voto sem compromissos para o futuro. E por parte dos eleitores, apatia total, é como se nada disso tivesse a ver com eles...
Estamos precisando mudar as regras do jogo...
Uivos à Lua Cheia:
A verdade é que a democracia na prática não está funcionando, nem aqui, nem lá fora. Porque a democracia é mais do que contar quem tem mais votos, é o respeito aos seus cidadãos, aos direitos fundamentais, e o que vemos são os candidatos gastando milhõs em marketing como se fossem um produto qualquer, campanhas sem conteúdo visando apenas conquistar o voto sem compromissos para o futuro. E por parte dos eleitores, apatia total, é como se nada disso tivesse a ver com eles...
Estamos precisando mudar as regras do jogo...
Quase 3 meses sem atualizar o blog, e as visitas até caíram, mas nem tanto. Não passou uma semana nesse tempo todo sem que o blog tivesse pelo menos mais de 10 visitas. Por isso, resolvi sair da inércia e voltar a atualizá-lo.
Só que ultimamente não tenho tido tempo de ficar horas na internet procurando coisas legais, por isso o ritmo não vai ser o mesmo de antes. Talvez eu prefira postar comentários e resenhas em detrimento dos links, não sei, não vou fazer nada planejado dessa vez.
Uivos à Lua Cheia:
Só que ultimamente não tenho tido tempo de ficar horas na internet procurando coisas legais, por isso o ritmo não vai ser o mesmo de antes. Talvez eu prefira postar comentários e resenhas em detrimento dos links, não sei, não vou fazer nada planejado dessa vez.
Saturday, July 10, 2004
Achei interessante essa notícia veiculada pelo Relatório Alfa.
Experimento de 8 meses diz que transgênicos causaram modificações no figado e pâncreas
Editorial
A Lei de Biossegurança, que está para ser votada em Brasília (talvez nas próximas horas), é uma camisa de força para cientistas verdadeiros e um "vale tudo" para quem é patrocinado pelas empresas certas.
Embora a Monsanto, e um grupo de parlamentares "da turma" (que sempre citam estudos patrocinados pela própria Monsanto), defendam com unhas e dentes os transgênicos, a pergunta é: por que defender algo com tanta pressa? Se mantivermos as pesquisas, é possível plantar transgênicos de uma safra para outra. Por ouro lado, tirar estes transgênicos, se algo der errado, pode ser virtualmente impossível.
Desconfie sempre, se um político tiver pressa demais. Desconfie muito, se grandes corporações estiverem com ele. Agora, os italianos divulgaram um estudo que mostra que a soja da Monsanto causou alterações no figado e pâncreas de cobaias, em um estudo de oito meses. São alterações preocupantes, pois seus efeitos a longo prazo ainda são desconhecidos.
Todas as informações resumidas nesta edição têm suas fontes citadas na parte final do texto. A Embrapa já precisou reunir 8 PhDs para contestar o Relatório Alfa, e falhou. Mas isso não foi importante, já que aqueles que votam parecem não ter nenhuma preocupação com quem vai comer os experimentos. Você. Para eles, você é apenas uma cobaia barata.
Aldo Novak
Editor
Este texto está em www.relatorioalfa.com.br
Experimento de 8 meses diz que transgênicos causaram modificações no figado e pâncreas
Biossegurança e Precaução
por Ventura Barbeiro
O prefácio do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança(1) afirma que a falta de conhecimento científico não deve ser usado com a finalidade postergar medidas que visem a impedir a perda de biodiversidade.
Em toda situação em que exista um possível risco para o meio ambiente ou para a saúde humana e animal, deve haver uma abrangente avaliação dos impactos da tecnologia baseada no “Princípio de Precaução” (2).
A adoção desse princípio é essencial para se evitar surpresas desagradáveis, como vem acontecendo no caso da soja transgênica “Roundup Ready”. Genes desconhecidos e alterações inesperadas no metabolismo da planta estão entre as descobertas preocupantes que surgem a cada dia, enquanto poderiam ter sido evitadas com uma detalhada avaliação de risco. Essa é a importância de uma Lei de Biossegurança que proteja a saúde do consumidor e o equilíbrio do meio ambiente.
VEJA QUANTA COISA JÁ SAIU ERRADO, COM OS "TRANSGÊNICOS SEGUROS"
Aprovada para plantio comercial nos EUA em 1994, empregando o princípio da “equivalência substancial”(3) , a primeira colheita da soja transgênica foi em 1996. Em 1998, pesquisadores encontraram(4) níveis inferiores de fitoestrogênios ou isoflavóides (compostos químicos com estrutura similar ao hormônio humano estrogênio) na soja transgênica. Acredita-se que esses fitoestrogênios sejam importantes do ponto de vista clínico(5) . Em 1999, foi encontrada uma importante alteração no metabolismo dessa soja transgênica(6) , a qual pode ser a causa do rachamento do caule da planta em situação de calor excessivo.
Em 2000, foi descoberto(7,8) que fragmentos desconhecidos de DNA foram adicionados acidentalmente a essa soja. Em 2002, explicações adicionais(9) demonstraram que parte desse fragmento é DNA de soja mesmo, porém rearranjado. A empresa Monsanto afirmou(10) que esses fragmentos não estavam ativos, só que mais tarde foi descoberto exatamente o contrário(11,12).
O atual estágio das tecnologias utilizadas na obtenção de transgênicos podem ser caracterizadas como sem previsibilidade; sem controle dos sítios alvos; sem controle do destino do transgene ou partes dele; sem controle nas mudanças de expressão gênica; sem controle dos transgenes no ecossistema e de difícil reproducibilidade(13). Não apenas a soja transgênica causou espanto com os seus genes desconhecidos inseridos acidentalmente, mas também as tecnologias Syngenta Bt11(14) , Syngenta Bt106(15) e o Monsanto Mon810(16) contêm essas surpresas desagradáveis.
A DESCOBERTA DOS MÉDICOS ITALIANOS
Uma equipe de médicos italianos descobriu, em 2002, que ratos alimentados com soja transgênica RR apresentaram alterações nas estruturas internas das células do figado(17) e alterações quantitativas em alguns componentes do pâncreas(18) . Esses estudos são preliminares, porém indicam uma hiperatividade hepática, exigindo mais pesquisas para se compreender melhor o que causa essas modificações. Não houve alteração de peso ou desenvolvimento das cobaias ao longo dos oito meses do experimento, mas essas alterações no figado e pâncreas são preocupantes, pois seus efeitos a longo prazo são desconhecidos.
O QUE MAIS PODE DAR ERRADO?
Uma avaliação(19) dos primeiros oito anos das culturas transgênicas nos EUA demonstrou um aumento expressivo no consumo de agrotóxicos, devido à combinação da redução do preço dos produtos químicos com o surgimento das superervas daninhas(20) , que exigem mais agrotóxicos. O que mais pode dar de errado com a soja transgênica Roundup Ready?
O Senado brasileiro discute a Lei Nacional de Biossegurança, com uma grande pressão para a liberação dos transgênicos sem a avaliação feita pelos orgãos competentes dos Ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Agricultura. O Senado Federal está prestes a votar a matéria(21) . Um forte embate está sendo travado entre senadores que defendem a liberação dos transgênicos sem nenhuma avaliação detalhada de impacto ambiental e de saúde humana e animal, enquanto outros, muito preocupados com os consumidores e com o meio ambiente, defendem regras que permitem uma avaliação mais abrangente e multidiciplinar para a liberação desses organismos na natureza.
Participe desse debate, dê sua opinião. O Senado dispõe do telefone gratuito 0800-612211 e da página http://www1.senado.gov.br/SPO/ para receber opiniões e sugestões dos cidadãos.
Se liberados, esses organismos transgênicos irão para o seu prato. Não aceite ser a cobaia desse grande experimento genético e faça a sua parte. Exija uma avaliação que afaste riscos para o meio ambiente e para a sua saúde, baseada no “Principio de Precaução”.
O autor, Ventura Barbeiro, é engenheiro agrônomo pela ESALQ-USP, conheceu a soja transgênica em 1990 ainda nos laboratórios do Life Science Research Center da Monsanto em St. Louis, EUA. Desde janeiro desse ano atua no Greenpeace.
email: ventura.barbeiro@terra.com.br
Copyleft Relatório Alfa (www.relatorioalfa.com.br) .
É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída, com um link ativo para o site Relatório Alfa.
http://www.biodiv.org/convention/articles.asp
http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/principio_precaucao.pdf
see Application to the UK Advisory Committee on Novel Foods and Processes for Review of the Safety of Glyphosate Tolerant Soybeans by the Agricultural Group of Monsanto Company, July 27 1994.
Lappé, M.A., Bailey, E.B., Childress, C.C. & Setchell, K.D.R. (1998/1999), Alterations in Clinically Important Phytoestrogens in Genetically Modified, Herbicide-Tolerant Soybeans, Journal of Medicinal Food, 1:241-245.
http://www.inca.gov.br/atualidades/ano10_1/soja.html
Coghlan, A. (1999) Splitting headache. Monsanto’s modified soya beans are cracking up in the heat. New Scientist, 20 Nov. 1999, p. 25.
Monsanto (2000) Dossier containing molecular analysis of Roundup Ready soya:
http://www.foodstandards.gov.uk/pdf_files/acnfp/dossier.pdf, available at
http://www.foodstandards.gov.uk/committees/acnfp/acnfpassessments.htm
Windels, P., Taverniers, I. Depicker, A. Van Bockstaele, E. & De Loose, M. (2001) Characterisation of the Roundup Ready soybean insert. European Food Research Technology, 213, 107-112.
Monsanto (2002a) DNA Sequences Flanking the 3' End of the Functional Insert of Roundup Ready Soybean Event 40-3-2 and Transcript Analysis of the Sequence Flanking the 3' End of the Functional Insert in Roundup Ready Soybean Event 40-3-2. Available at: http://www.food.gov.uk/multimedia/webpage/72699.
Dossier from Monsanto containing molecular analysis of RR soya: http://archive.food.gov.uk/pdf_files/acnfp/summary.pdf http://archive.food.gov.uk/pdf_files/acnfp/dossier.pdf. Available at: http://www.foodstandards.gov.uk/science/ouradvisors/novelfood/assess/assess-uk/60500/
Monsanto (2002b) Transcript Analysis of the Sequence Flanking the 3' End of the Functional Insert in Roundup Ready Soybean Event 40-3-2. Available at:
http://www.food.gov.uk/multimedia/webpage/72699.
Monsanto (2002c) Additional characterisation and safety assessment of the DNA sequence flanking the 3’ end of the functional insert of Roundup Ready Soybean event 40-3-2. http://www.foodstandards.gov.uk/multimedia/pdfs/RRSsafetysummary.pdf
Guerra, P. M., Nodari, R. O. (2002) Apostila de Biotecnologia – Parte 3 – Organismos geneticamente modificados. Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento e Genética Vegetal, Depto. Fitotecnia, CCA-UFSC. http://www.cca.ufsc.br/dfito/labs/lfdgv/OrganisgenetParte3.doc
Moens. W. & de Schrijver, A. (2003a) Report on the molecular characterisation of the genetic map of event Bt11. Available at: http://biosafety.ihe.be/TP/MGC.html
Moens. W. & de Schrijver, A. (2003b) Report on the molecular characterisation of the genetic map of event Bt176. Available at: http://biosafety.ihe.be/TP/MGC.html
Hernández, M., Pla, M., Esteve, T., Prat, S., Puigdomènech, P. & Ferrando. A. (2003) A specific real-time quantitative PCR detection system for event MON810 in maize YieldGard ® based on the3-transgene integration. Transgenic Research 12: 179–189.
Malatesta, M., Caporaloni, C., Gavaudan, S., Rocchi, M.B.L., Serafini, S., Tiberi, C., Gazzanelli, G. (2002) Ultrastructural morphometrical and immunocytochemical analyses of hepatocyte nuclei from mice fed on genetically modified soybean. Cell Structure and Function, 27, 173-180.
Malatesta, M., Biggiogera, M., Manuali, E., Rocchi, M.B.L., Baldelli, B. & Gazzanelli, G. (2003) Fine structural analyses of pancreatic acinar cell nuclei from mice fed on genetically modified soybean. European Journal of Histochemistry, 47, 385-388.
Benbrook, C. M. Impacts of Genetically Engineered Crops on Pesticide Use in the United States: The first eight years. AgBioTech InfoNet Technical Paper Number 6 http://www.biotech-info.net/technicalpaper6.html
http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/super_ervas.pdf
Jornal do Senado, 06 de julho de 2004.
Uivos à Lua Cheia:
Experimento de 8 meses diz que transgênicos causaram modificações no figado e pâncreas
Editorial
A Lei de Biossegurança, que está para ser votada em Brasília (talvez nas próximas horas), é uma camisa de força para cientistas verdadeiros e um "vale tudo" para quem é patrocinado pelas empresas certas.
Embora a Monsanto, e um grupo de parlamentares "da turma" (que sempre citam estudos patrocinados pela própria Monsanto), defendam com unhas e dentes os transgênicos, a pergunta é: por que defender algo com tanta pressa? Se mantivermos as pesquisas, é possível plantar transgênicos de uma safra para outra. Por ouro lado, tirar estes transgênicos, se algo der errado, pode ser virtualmente impossível.
Desconfie sempre, se um político tiver pressa demais. Desconfie muito, se grandes corporações estiverem com ele. Agora, os italianos divulgaram um estudo que mostra que a soja da Monsanto causou alterações no figado e pâncreas de cobaias, em um estudo de oito meses. São alterações preocupantes, pois seus efeitos a longo prazo ainda são desconhecidos.
Todas as informações resumidas nesta edição têm suas fontes citadas na parte final do texto. A Embrapa já precisou reunir 8 PhDs para contestar o Relatório Alfa, e falhou. Mas isso não foi importante, já que aqueles que votam parecem não ter nenhuma preocupação com quem vai comer os experimentos. Você. Para eles, você é apenas uma cobaia barata.
Aldo Novak
Editor
Este texto está em www.relatorioalfa.com.br
Experimento de 8 meses diz que transgênicos causaram modificações no figado e pâncreas
Biossegurança e Precaução
por Ventura Barbeiro
O prefácio do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança(1) afirma que a falta de conhecimento científico não deve ser usado com a finalidade postergar medidas que visem a impedir a perda de biodiversidade.
Em toda situação em que exista um possível risco para o meio ambiente ou para a saúde humana e animal, deve haver uma abrangente avaliação dos impactos da tecnologia baseada no “Princípio de Precaução” (2).
A adoção desse princípio é essencial para se evitar surpresas desagradáveis, como vem acontecendo no caso da soja transgênica “Roundup Ready”. Genes desconhecidos e alterações inesperadas no metabolismo da planta estão entre as descobertas preocupantes que surgem a cada dia, enquanto poderiam ter sido evitadas com uma detalhada avaliação de risco. Essa é a importância de uma Lei de Biossegurança que proteja a saúde do consumidor e o equilíbrio do meio ambiente.
VEJA QUANTA COISA JÁ SAIU ERRADO, COM OS "TRANSGÊNICOS SEGUROS"
Aprovada para plantio comercial nos EUA em 1994, empregando o princípio da “equivalência substancial”(3) , a primeira colheita da soja transgênica foi em 1996. Em 1998, pesquisadores encontraram(4) níveis inferiores de fitoestrogênios ou isoflavóides (compostos químicos com estrutura similar ao hormônio humano estrogênio) na soja transgênica. Acredita-se que esses fitoestrogênios sejam importantes do ponto de vista clínico(5) . Em 1999, foi encontrada uma importante alteração no metabolismo dessa soja transgênica(6) , a qual pode ser a causa do rachamento do caule da planta em situação de calor excessivo.
Em 2000, foi descoberto(7,8) que fragmentos desconhecidos de DNA foram adicionados acidentalmente a essa soja. Em 2002, explicações adicionais(9) demonstraram que parte desse fragmento é DNA de soja mesmo, porém rearranjado. A empresa Monsanto afirmou(10) que esses fragmentos não estavam ativos, só que mais tarde foi descoberto exatamente o contrário(11,12).
O atual estágio das tecnologias utilizadas na obtenção de transgênicos podem ser caracterizadas como sem previsibilidade; sem controle dos sítios alvos; sem controle do destino do transgene ou partes dele; sem controle nas mudanças de expressão gênica; sem controle dos transgenes no ecossistema e de difícil reproducibilidade(13). Não apenas a soja transgênica causou espanto com os seus genes desconhecidos inseridos acidentalmente, mas também as tecnologias Syngenta Bt11(14) , Syngenta Bt106(15) e o Monsanto Mon810(16) contêm essas surpresas desagradáveis.
A DESCOBERTA DOS MÉDICOS ITALIANOS
Uma equipe de médicos italianos descobriu, em 2002, que ratos alimentados com soja transgênica RR apresentaram alterações nas estruturas internas das células do figado(17) e alterações quantitativas em alguns componentes do pâncreas(18) . Esses estudos são preliminares, porém indicam uma hiperatividade hepática, exigindo mais pesquisas para se compreender melhor o que causa essas modificações. Não houve alteração de peso ou desenvolvimento das cobaias ao longo dos oito meses do experimento, mas essas alterações no figado e pâncreas são preocupantes, pois seus efeitos a longo prazo são desconhecidos.
O QUE MAIS PODE DAR ERRADO?
Uma avaliação(19) dos primeiros oito anos das culturas transgênicas nos EUA demonstrou um aumento expressivo no consumo de agrotóxicos, devido à combinação da redução do preço dos produtos químicos com o surgimento das superervas daninhas(20) , que exigem mais agrotóxicos. O que mais pode dar de errado com a soja transgênica Roundup Ready?
O Senado brasileiro discute a Lei Nacional de Biossegurança, com uma grande pressão para a liberação dos transgênicos sem a avaliação feita pelos orgãos competentes dos Ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Agricultura. O Senado Federal está prestes a votar a matéria(21) . Um forte embate está sendo travado entre senadores que defendem a liberação dos transgênicos sem nenhuma avaliação detalhada de impacto ambiental e de saúde humana e animal, enquanto outros, muito preocupados com os consumidores e com o meio ambiente, defendem regras que permitem uma avaliação mais abrangente e multidiciplinar para a liberação desses organismos na natureza.
Participe desse debate, dê sua opinião. O Senado dispõe do telefone gratuito 0800-612211 e da página http://www1.senado.gov.br/SPO/ para receber opiniões e sugestões dos cidadãos.
Se liberados, esses organismos transgênicos irão para o seu prato. Não aceite ser a cobaia desse grande experimento genético e faça a sua parte. Exija uma avaliação que afaste riscos para o meio ambiente e para a sua saúde, baseada no “Principio de Precaução”.
O autor, Ventura Barbeiro, é engenheiro agrônomo pela ESALQ-USP, conheceu a soja transgênica em 1990 ainda nos laboratórios do Life Science Research Center da Monsanto em St. Louis, EUA. Desde janeiro desse ano atua no Greenpeace.
email: ventura.barbeiro@terra.com.br
Copyleft Relatório Alfa (www.relatorioalfa.com.br) .
É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída, com um link ativo para o site Relatório Alfa.
http://www.biodiv.org/convention/articles.asp
http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/principio_precaucao.pdf
see Application to the UK Advisory Committee on Novel Foods and Processes for Review of the Safety of Glyphosate Tolerant Soybeans by the Agricultural Group of Monsanto Company, July 27 1994.
Lappé, M.A., Bailey, E.B., Childress, C.C. & Setchell, K.D.R. (1998/1999), Alterations in Clinically Important Phytoestrogens in Genetically Modified, Herbicide-Tolerant Soybeans, Journal of Medicinal Food, 1:241-245.
http://www.inca.gov.br/atualidades/ano10_1/soja.html
Coghlan, A. (1999) Splitting headache. Monsanto’s modified soya beans are cracking up in the heat. New Scientist, 20 Nov. 1999, p. 25.
Monsanto (2000) Dossier containing molecular analysis of Roundup Ready soya:
http://www.foodstandards.gov.uk/pdf_files/acnfp/dossier.pdf, available at
http://www.foodstandards.gov.uk/committees/acnfp/acnfpassessments.htm
Windels, P., Taverniers, I. Depicker, A. Van Bockstaele, E. & De Loose, M. (2001) Characterisation of the Roundup Ready soybean insert. European Food Research Technology, 213, 107-112.
Monsanto (2002a) DNA Sequences Flanking the 3' End of the Functional Insert of Roundup Ready Soybean Event 40-3-2 and Transcript Analysis of the Sequence Flanking the 3' End of the Functional Insert in Roundup Ready Soybean Event 40-3-2. Available at: http://www.food.gov.uk/multimedia/webpage/72699.
Dossier from Monsanto containing molecular analysis of RR soya: http://archive.food.gov.uk/pdf_files/acnfp/summary.pdf http://archive.food.gov.uk/pdf_files/acnfp/dossier.pdf. Available at: http://www.foodstandards.gov.uk/science/ouradvisors/novelfood/assess/assess-uk/60500/
Monsanto (2002b) Transcript Analysis of the Sequence Flanking the 3' End of the Functional Insert in Roundup Ready Soybean Event 40-3-2. Available at:
http://www.food.gov.uk/multimedia/webpage/72699.
Monsanto (2002c) Additional characterisation and safety assessment of the DNA sequence flanking the 3’ end of the functional insert of Roundup Ready Soybean event 40-3-2. http://www.foodstandards.gov.uk/multimedia/pdfs/RRSsafetysummary.pdf
Guerra, P. M., Nodari, R. O. (2002) Apostila de Biotecnologia – Parte 3 – Organismos geneticamente modificados. Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento e Genética Vegetal, Depto. Fitotecnia, CCA-UFSC. http://www.cca.ufsc.br/dfito/labs/lfdgv/OrganisgenetParte3.doc
Moens. W. & de Schrijver, A. (2003a) Report on the molecular characterisation of the genetic map of event Bt11. Available at: http://biosafety.ihe.be/TP/MGC.html
Moens. W. & de Schrijver, A. (2003b) Report on the molecular characterisation of the genetic map of event Bt176. Available at: http://biosafety.ihe.be/TP/MGC.html
Hernández, M., Pla, M., Esteve, T., Prat, S., Puigdomènech, P. & Ferrando. A. (2003) A specific real-time quantitative PCR detection system for event MON810 in maize YieldGard ® based on the3-transgene integration. Transgenic Research 12: 179–189.
Malatesta, M., Caporaloni, C., Gavaudan, S., Rocchi, M.B.L., Serafini, S., Tiberi, C., Gazzanelli, G. (2002) Ultrastructural morphometrical and immunocytochemical analyses of hepatocyte nuclei from mice fed on genetically modified soybean. Cell Structure and Function, 27, 173-180.
Malatesta, M., Biggiogera, M., Manuali, E., Rocchi, M.B.L., Baldelli, B. & Gazzanelli, G. (2003) Fine structural analyses of pancreatic acinar cell nuclei from mice fed on genetically modified soybean. European Journal of Histochemistry, 47, 385-388.
Benbrook, C. M. Impacts of Genetically Engineered Crops on Pesticide Use in the United States: The first eight years. AgBioTech InfoNet Technical Paper Number 6 http://www.biotech-info.net/technicalpaper6.html
http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/super_ervas.pdf
Jornal do Senado, 06 de julho de 2004.
Thursday, July 01, 2004
Avengers 500 -preview - Não sei se tá completa, mas tem 24 páginas de morte e explosões. Nem parece que foi o Bendis que escreveu!
Também tem outros previews completos no site!
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