Wednesday, June 30, 2004
Uivos à Lua Cheia:Saturday, June 19, 2004
Ensaio Sobre a Lucidez
Li essa semana o novo livro do escritor José Saramago, e gostei bastante.
Fiquei impressionado em como ele sabe utilizar bem o nosso vernáculo. Frases bem construídas, pensamentos claros, você não se eprde mesmo no meio de parágrafos enormes, frases emendadas com vírgulas no lugar dos pontos, e tudo aquilo que os leitores dele já estão acostumados.
Além disso, ele consegue escrever por mais de 200 páginas uma história sem um protagonista definido, e faz tão bem que você nem percebe que já leu tanto. Aliás, uma pena que isso não tenha ido até o final, mas acho que entendi o que ele quis com isso - ao focar o final em apenas alguns indivíduos, ele mostra como todos, inocentes ou não, podem ser sacrificados por não servirem mais aos propósitos de quem governa.
Bem, ainda não falei da trama. Ela é relativamente simples: numa eleição municipal, 83% dos eleitores votam em branco. A partir daí, uma série de acontecimentos leva com a cidade fique sem governo, que tenta desesperadamente voltar a ''mandar'' no local. É um livro então sobre a anarquia, sobre como apenas um povo maduro, que já se cansou de ser enganado, resolve mostrar aos governantes que podem viver muito melhor sem eles.
É um livro utópico, de certa forma. Na cidade não ocorrem mais crimes, o povo não é facilmente enganado pela mídia, etc. Mas faz pensar em como instituições como o Estado servem apenas para nos oprimir, para utilizar nossos medos para beneficiar uns poucos que realmente mandam. Bastaria apenas deixarmos de nos curvar a isso, parar de brigar e se importar com coisas pequenas, com vaidades, coisas que não valem à pena que percamos nosso tempo, mas insistimos em continuar com elas.
Em outras palavras, precisamos deixar de ser cegos, e passarmos a sermos lúcidos.
Uivos à Lua Cheia:
Li essa semana o novo livro do escritor José Saramago, e gostei bastante.
Fiquei impressionado em como ele sabe utilizar bem o nosso vernáculo. Frases bem construídas, pensamentos claros, você não se eprde mesmo no meio de parágrafos enormes, frases emendadas com vírgulas no lugar dos pontos, e tudo aquilo que os leitores dele já estão acostumados.
Além disso, ele consegue escrever por mais de 200 páginas uma história sem um protagonista definido, e faz tão bem que você nem percebe que já leu tanto. Aliás, uma pena que isso não tenha ido até o final, mas acho que entendi o que ele quis com isso - ao focar o final em apenas alguns indivíduos, ele mostra como todos, inocentes ou não, podem ser sacrificados por não servirem mais aos propósitos de quem governa.
Bem, ainda não falei da trama. Ela é relativamente simples: numa eleição municipal, 83% dos eleitores votam em branco. A partir daí, uma série de acontecimentos leva com a cidade fique sem governo, que tenta desesperadamente voltar a ''mandar'' no local. É um livro então sobre a anarquia, sobre como apenas um povo maduro, que já se cansou de ser enganado, resolve mostrar aos governantes que podem viver muito melhor sem eles.
É um livro utópico, de certa forma. Na cidade não ocorrem mais crimes, o povo não é facilmente enganado pela mídia, etc. Mas faz pensar em como instituições como o Estado servem apenas para nos oprimir, para utilizar nossos medos para beneficiar uns poucos que realmente mandam. Bastaria apenas deixarmos de nos curvar a isso, parar de brigar e se importar com coisas pequenas, com vaidades, coisas que não valem à pena que percamos nosso tempo, mas insistimos em continuar com elas.
Em outras palavras, precisamos deixar de ser cegos, e passarmos a sermos lúcidos.